Ovários policísticos

Estado da Arte em Ginecologia e Obstetrícia, esse é o nome do meu curso de pós-graduação no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
O nome é pomposo, mas foi exatamente o que me atraiu, bem como ser no Einstein, um centro de excelência em medicina.
Estado atual da abordagem cirúrgica no tratamento da infertilidade em portadoras de ovários policísticos, esse é o título do meu TCC – trabalho de conclusão de curso, dessa minha pós-graduação no Einstein.
Há 35 anos quando iniciei minha incursão pela Ginecologia já era realizada a ressecção em cunha dos ovários como tratamento da infertilidade determinada pelos ovários policísticos. Participei em muitas dessas cirurgias no Hospital Samaritano de Sorocaba.
Naquela época as moças mais gordinhas, mais peludinhas, que não menstruavam e com dificuldade de engravidar, tinham o diagnóstico clínico de ovários policísticos e eram submetidas a ressecção em cunha dos ovários.
Esse tratamento foi proposto por Stein e Leventhal, médicos de Chicago, que em 1935 publicaram o relato de uma série de apenas sete casos de portadoras de amenorréia, hirsutismo e infertilidade, nas quais foi realizada biópsia dos ovários, com ressecção em cunha dos mesmos. Após a cirurgia todas as pacientes passaram a menstruar regularmente e duas engravidaram até a publicação do artigo.
Assim foi descrita a síndrome dos ovários policísticos, também conhecida como síndrome de Stein e Leventhal.
Na biópsia esses tecidos apresentavam muitos cistos com grande variação no tamanho, além do espessamento da membrana que recobre os ovários.
Hoje podemos fazer a análise dos ovários por exame de imagem, normalmente pela ultrassonografia, não disponível naquela época.
E quando se soma amenorréia, hirsutismo, tendência a ganho de peso e infertilidade, temos a mais comum das desordens endócrinas que acomete as mulheres na atualidade.
A síndrome resulta de uma disfunção no eixo endócrino hipotálamo – hipófise – ovários. As portadoras apresentam  alteração na produção dos hormônios sexuais com uma produção maior dos hormônios masculinos, os androgênios.
Nas adolescentes portadoras de sinais do hiperandrogenismo se impõe uma esclarecedora avaliação laboratorial e por imagem. Geralmente pelo ultrassom confirmam-se os ovários policísticos. O médico deve afastar as outras morbidades que concorrem com esses sintomas.
Além do estímulo a adoção de um estilo de vida saudável, com controle do peso pela dieta e exercícios físicos, o tratamento  com anticoncepcionais hormonais combinados e o uso da metformina é a opção de escolha na população que não deseja a gravidez.
O hirsutismo e acne, são habitualmente abordados no tratamento clínico com a combinação hormonal e cosméticos adequados.
Na presença da infertilidade a indução da ovulação com o uso do clomifeno é a primeira escolha. Os casos resistentes ao tratamento clínico são avaliados para a abordagem cirúrgica. Hoje, nos centros de excelência a cirurgia é minimamente invasiva. Por videolaparoscopia os ovários são abordados e realizadas algumas perfurações na membrana espessada desses ovários. Nessas circunstâncias a recuperação, o retorno para casa e para as atividades cotidianas é muito abreviado. Os resultados desejados de ovulação e gravidez são muito encorajadores.




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