O PAPEL DO HOMEM NA CONTRACEPÇÃO.
Esse é um tema tratado já na Bíblia, no antigo testamento, no livro Gênesis.
Onã, filho de Judá e neto do patriarca Jacó, é descrito como praticante do coito interrompido, quando ele retirava o pênis da vagina e ejaculava fora para não engravidar a sua cunhada Tamar, viúva do seu irmão mais velho.
Daí a segunda possibilidade do homem ter controle na reprodução veio só no século XVI com o uso de um preservativo feito com intestino de animais e no início do século XX com o advento do látex ele teve também essa aplicação, só que neste caso em escala industrial. A camisinha tem uma vantagem adicional que é a de prevenir não só a gravidez não desejada como também evitar a transmissão das doenças via relação sexual como sífilis, gonorreia, e mais recentemente a AIDS. De fato a camisinha teve sua aceitação universal, exceto pelo Vaticano, a partir dos anos 1980 com a identificação do HIV, o vírus que causa imunodeficiência e leva a AIDS.
A partir do fim da segunda guerra mundial com o incremento da população mundial e com a conquista de maiores conhecimentos da anatomia e fisiologia do genital masculino iniciaram-se estudos e programas para a realização da vasectomia para a esterilização masculina.
Portanto, hoje, na prática, o homem que queira controlar sua capacidade reprodutiva pode lançar mão do coito interrompido, do preservativo ou submeter-se a vasectomia.
O coito interrompido pode dar certo oportunamente, mas é insatisfatório para o homem e para a mulher pela retirada do pênis da vagina para o orgasmo e ejaculação, limitando o prazer sexual. É também sujeito a muitas falhas.
O preservativo ganhou popularidade e hoje são disponíveis em diversas apresentações comerciais. São produzidos não só de látex mas com diferentes compostos, tamanhos, espessura, textura, cor, sabor e são disponibilizados comercialmente e pelos serviços de saúde pública.
Porém o uso dos preservativos é sujeito a falhas como anticoncepcional e também de alguma maneira não agradam boa parcela de casais. Provavelmente sejam mais empregados hoje como preventivo das doenças sexualmente transmissíveis.
A vasectomia é o método anticoncepcional mais eficaz. É de fácil realização numa cirurgia minimamente invasiva, sob anestesia local. Na técnica que eu emprego habitualmente após a vasectomia em si que é o corte dos vasos ou canais deferentes é realizada a cauterização da luz dos vasos que respondem com uma cicatrização que fecha a passagem para os espermatozoides. Isso é confirmado em um espermograma após 20 ejaculações e constatando-se a azoospermia, ausência de espermatozoides no líquido ejaculado, a esterilização é praticamente definitiva. Paradoxalmente isto no entanto pode tornar-se o único inconveniente da vasectomia e sua maior complicação. Caso o homem vasectomizado resolva ter outro filho isso não é garantido. Então a vasectomia é realizada naqueles homens bem esclarecidos sobre a sua irreversibilidade e que firmam essa consciência em documento assinado antes do procedimento.
Muita pesquisa tem sido realizada para o desenvolvimento de novos métodos anticoncepcionais reversíveis para o homem.
Em artigos publicados no MIT Technology Review em 20 de dezembro de 2017, e na revista TIME em 27 de dezembro de 2017, é anunciado para este ano o início da fase 2 dos estudos clínicos com um novo preparado hormonal, de uso diário, apresentado na forma de gel para aplicação na pele do homem que deseja o controle da sua fertilidade.
O gel contem nestorone associado a testosterona que empregado diariamente resulta na supressão de espermatozoides. É reversível com a interrupção da aplicação do gel. O nestorone é um progestínico que inibe a hipófise de enviar gonadotrofinas que estimulam os testículos na produção dos espermatozoides e também da testosterona. A testosterona combinada no gel minimiza o fato impedindo a diminuição do desejo sexual, o ganho de peso e alterações no colesterol potencialmente associadas com a menor produção da testosterona pelos testículos do usuário.
O produto foi desenvolvido por uma organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos, o Population Council, que atua no planejamento familiar e na promoção da saúde e bem estar social há décadas.
O Population Council desenvolveu e licenciou alguns dos anticoncepcionais reversíveis de uso por longo prazo, de alta eficácia contraceptiva e utilizados pelas mulheres praticamente de todo o planeta, tais como os DIU – dispositivos intrauterinos, de cobre; o Mirena, também dispositivo intrauterino medicado com levonorgestrel, e o implante subcutâneo de levonorgestrel conhecido como Norplant.
No estudo que se anuncia para 2018 serão observados mais de 400 casais em centros de pesquisa dos Estados Unidos, Inglaterra e mais cinco países. Esse estudo é patrocinado pelo NIH – Instituto de Saúde do governo dos Estados Unidos.
A expectativa com este produto é auxiliar os casais a evitarem gravidez não planejada. Como por exemplo em períodos que as parceiras tenham alguma restrição para o uso de anticoncepcionais.
Historicamente as mulheres são quem assumem a responsabilidade da contracepção uma vez que são elas que ficam grávidas. No entanto numa época onde existe muita reinvindicação pela igualdade de gênero os homens mais jovens declaram estar interessados em contraceptivos masculinos, como este gel que potencialmente apresenta alta eficácia anticoncepcional, boa tolerabilidade com baixos índices de efeitos colaterais e reversibilidade.
Em inquéritos populacionais realizados recentemente pelo menos 25% dos entrevistados declaram considerar o uso de um anticoncepcional como este em desenvolvimento.
E você leitor ou leitora deste texto acredita que você ou seu parceiro poderia ter interesse em utilizar este gel anticoncepcional masculino?
Agradeço os seus comentários.
Chip da beleza
Foto: implantes hormonais Elmeco. Cápsulas de silicone plástico, silástico, preenchidas de hormônios, como a gestrinona.
O “chip da beleza” como é chamado pelas usuárias e também algumas vezes pelo seu criador, Professor Elsimar Coutinho, que justifica: “ ...se além de tratar os transtornos da condição feminina: como as complicações da menstruação, a TPM, a endometriose; esses implantes oferecerem bem estar e a mulher sentir-se mais bela e feliz com eles, afinal que mal há na beleza?”
Conseguir que a mulher se livre da menstruação e das suas complicações: cólicas, irritabilidade com a famigerada TPM é o desafio dos ginecologistas. Imagine se esse tratamento vier acompanhado de emagrecimento, combate à celulite, aumento da libido e da disposição geral.
Muitas mulheres tem se beneficiado nessa situação com o emprego da gestrinona aplicada em implantes subcutâneos que tem a duração de um ano.
Inicialmente a gestrinona foi empregada no tratamento da endometriose. A substância é um progestínico, isto é tem semelhança com a estrutura química da progesterona, e age seletivamente estimulando e inibindo diversos receptores dos hormônios esteroides sexuais. Na dose adequada bloqueia o eixo hipófise-ovário, e assim inibe a ovulação e a menstruação. Tem leve efeito androgênico e alguma ação anabolizante. A paciente ganha massa magra, especialmente se praticar exercícios físicos e realizar dieta orientada.
A gestrinona foi comercializada no Brasil até abril de 2014 com o nome comercial de DIMETROSE. Era apresentada em comprimidos de 2,5mg para uso via oral. Hoje é produzida em farmácias de manipulação na forma de implantes de silástico para colocação subcutânea e na forma de gel para pele e creme vaginal.
Também é empregada no tratamento de outros transtornos ginecológicos que apresentam aumento do sangramento menstrual como miomas, e na modulação da terapia hormonal no climatério e pós-menopausa.
Mulheres que fazem uso dos implantes de gestrinona apresentam uma redução sérica da proteína carreadora dos hormônios sexuais, SHBG, promovendo uma maior quantidade de testosterona livre. Essas pacientes ao longo do tempo são beneficiadas pela supressão do sangramento menstrual e apresentam níveis hematológicos de glóbulos vermelhos, hemoglobina e hematócrito nos padrões masculinos, que são maiores, e que se traduzem clinicamente em uma maior oxigenação dos tecidos e mais disposição para as atividades em geral. Ganham massa muscular e esta fica mais definida esteticamente de acordo com o programa de atividade física praticado. Diminui o tecido adiposo das mamas e dos glúteos de onde decorre a perda dos sinais da celulite.
O que é observado a longo prazo também nessas mulheres submetidas ao tratamento com os implantes subcutâneos de gestrinona é o ganho de densidade óssea, verificada pelo acompanhamento da sua variação na coluna lombar e no colo do fêmur, prevenindo a osteopenia, osteoporose e fraturas.
Mas tudo isso depende de uma dose estabelecida após uma detalhada avaliação clínico-laboratorial. E um rigoroso acompanhamento médico durante o tratamento para eventualmente corrigir alguma inadequação na resposta da paciente. As queixas mais frequentes são oleosidade da pele, acne, queda do cabelo e sangramentos vaginais inesperados, mas geralmente de pequena quantidade. Essas queixas e qualquer outra que eventualmente ocorra merecem uma abordagem do médico que está assistindo a sua paciente, que ele deve conhecer melhor que qualquer outro profissional.
Os resultados são como os descritos acima em mulheres que não apresentem contra-indicações. Não sejam portadoras de moléstias graves, que não sejam obesas, que não sejam portadoras de doenças psiquiátricas. Porque nessas situações elas tomam muitas medicações que podem comprometer o metabolismo hepático e renal. Este tipo de tratamento é contraindicado nas mulheres grávidas e que estão amamentando.
As respostas são individuais e na média o implante subcutâneo é muito bem tolerado, apreciado e recomendado.
Por ser administrado na forma de implante hormonal subcutâneo essa via apresenta uma grande vantagem do hormônio não ter a primeira passagem hepática como tem os administrados pela via oral, que uma vez absorvido são levados ao fígado e ali impactam diversos grupos enzimáticos, sendo boa parte da medicação inativada.
Outra grande vantagem é a sua permanência por um longo período, no caso do implante da gestrinona um ano. Não necessitando da lembrança diária da ingestão, como nos comprimidos orais, e da aplicação, como no caso do gel.
Soma-se também a vantagem de que havendo qualquer intercorrência quando venha a se impor a retirada seja por razões médicas ou pelo desejo da paciente, isso pode ser feito com a mesma facilidade da sua colocação sob anestesia local.
Biomimética
Biomimética
A biomimética é uma “nova” área da ciência que tem por objetivo o estudo das estruturas biológicas e das suas funções, procurando aprender com a Natureza, suas estratégias e soluções, e utilizar esse conhecimento em diferentes domínios da ciência. A designação desta recente e promissora área de estudo científico provém da combinação das palavras gregas bíos, que significa vida e mímesis que significa imitação. Simplificando, a biomimética é a imitação da vida.
Na medicina sempre se pensou em biomimética.
Na reposição hormonal, por exemplo, o uso dos hormônios sexuais como a testosterona e os estrogênios para tratar os sintomas da sua falta quando os homens e mulheres envelhecem ou quando elas entram na menopausa.
Nascemos, crescemos e atingimos a maturidade quando estamos prontos para a reprodução estimulados pelos hormônios sexuais, a testosterona e os estrogênios, como nossos agentes anabolizantes. Agentes que fazem nosso organismo atingir a plenitude.
A mulher é mais penalizada pela natureza pois quando chega a menopausa ela tem um perda abrupta e definitiva da função da suas gônadas, os ovários. Os homens também vivenciam essa perda, manifestando um estado catabólico progressivo, mas mais lentamente. A chamada andropausa não se dá de maneira abrupta, com uma data, com a perda repentina da função gonadal. O homem normalmente preserva a função testicular por mais tempo e vai reduzindo aos poucos a produção da testosterona.
Usando o mimetismo biológico foi empregada a reposição hormonal de estrogênios, principalmente o estradiol, no tratamento dos sintomas apresentados pela mulher na menopausa. Começando pelos sintomas vasomotores como os fogachos, os calorões que se tornaram um clichê da mulher menopausada. Mas mais importantes, a secura vaginal que traduz um estado de hipotrofia da mucosa genitourinária que compromete não só a sexualidade mas também pode determinar infecções urinárias de repetição nessa mulheres. A perda de massa óssea, no inicio osteopenia e depois osteoporose, principalmente nas vértebras o que pode levar a um comprometimento da postura, arcando a mulher; e, no colo do fêmur, o que predispõe a sua fratura acompanhada de alta mortalidade. Outra perda, talvez a mais importante, é a cognitiva. Sendo a demência e o Mal de Alzheimer a sua expressão maior.
No final do século XX parecia aos ginecologistas que a reposição hormonal se abriria num vasto leque de oportunidades terapêuticas. Mas, com a publicação dos primeiros resultados do estudo WHI – Women’s Health Initiative, patrocinado pelo National Heart, Lung, and Blood Institute (NHLBI) do governo dos Estados Unidos, quando foram observadas dezenas de milhares mulheres menopausadas tratadas com o medicamento do laboratório Wyeth, PREMPRO – PREM de Premarin, estrógenos equinos conjugados obtidos da urina de éguas prenhas; associado ao PRO de Provera, medroxiprogesterona . O estudo foi randomizado comparativo ao placebo. Aquilo que se queria demonstrar com essa observação, a proteção cardiovascular, do câncer de mama e da fratura óssea por osteoporose, redundou nessa observação de 7 anos um fracasso que contaminou toda a TRH, como era conhecida a terapia de reposição hormonal. A partir daí todos os eventos da ginecologia eram para discutir o que deu errado no WHI. Para a empresa farmacêutica Wyeth, que era líder em produtos para a saúde da mulher como os anticoncepcionais, foi um desastre total. Terminou vendida para a Pfizer em 2009.
As críticas mais bem fundamentadas ao estudo caiam sobre as substâncias escolhidas. Os estrogênios, representados pelos estrógenos conjugados de equinos, são muitas substâncias diferentes, mais de dez, com ação de ocupar o receptor estrogênico, completamente diferente do estradiol que a mulher produz em grande quantidade na maturação do folículo ovariano. Dada a essa diversidade surgiu a grande idéia dos hormônios bioidênticos.
Agora, em 2017, dezoito anos após a tragédia daquela publicação do WHI, novos dados dessa observação foram publicados na revista JAMA – Journal of American Medical Association, 2017;318:927-938.
Esses dados observados em mais de 27.000 mulheres entre 50 e 79 anos ( média de 63 anos ) em que ocorreram em torno de 7.000 mortes nesses 18 anos de observação, agora mostram um resultado neutro para mortalidade cardiovascular e câncer. Melhor, nas mulheres que foram medicadas com estrogênios isoladamente observou-se menor mortalidade por demência de todas as causas, inclusive Alzheimer. Também nesse grupo foi menor a mortalidade por câncer de mama.
O que revelam esses novos dados? Que a mulher que tem sintomas deve ser tratada principalmente as mais próximas dos cinquenta anos e os melhores resultados são com o uso de estrogênios isolados.
O melhor estrogênio para esse tratamento é o estradiol bioidêntico. A administração desse estradiol deve ser feita evitando a via oral que impacta uma perniciosa primeira passagem pelo fígado. Pode ser empregado em gel aplicado na pele, em comprimidos ou gel vaginal ou ainda em implantes subcutâneos.
A mulher terá como benefícios comprovados hoje:
- o controle dos sintomas vasomotores, os fogachos;
- a garantia de um bom trofismo da mucosa genitourinária, melhor lubrificação vaginal e menor risco de infecções urinárias;
- menor perda ou até ganho de massa óssea, menor osteopenia ou osteoporose, com menor riscos de fraturas vertebrais ou do colo do fêmur; e,
- mais disposição para a vida e menor comprometimento cognitivo.
Outra certeza, que era temida por muitas mulheres que relutavam a terapia hormonal, é que seu risco para morrer devido a um câncer não estará aumentado. O estradiol na reposição hormonal não aumenta a mortalidade por câncer de mama. Está comprovado. Imaginem, e pelo estudo WHI.
E quanto ao homem. Também o biomimetismo leva a suplementar a testosterona naqueles que tem a sua redução importante, menor que 300 ng/dL, já na idade de 40, 50, 60 anos.
O temor na reposição da testosterona em homens é quanto a resposta da próstata. No entanto os níveis de PSA e exames de imagem, ultrassonografia e ressonância nuclear magnética, além das biópsias ajudam muito no controle das afecções prostáticas.
O homem também deve empregar a testosterona bioidêntica e evitar os tratamentos por via oral que terão o impacto da primeira passagem hepática. A testosterona pode ser empregada em gel para aplicação na pele ou em implantes no subcutâneo.
O homem submetendo-se a reposição hormonal e corrigindo seus níveis de testosterona ganha a vitalidade sexual, recupera um estado metabólico anabolizante. Ganha musculatura em resposta aos exercícios físicos e também massa óssea. Mas, a ação mais importante é na disposição geral: menor fadiga e maior raciocínio!!!
Ovários policísticos
Estado da Arte em Ginecologia e Obstetrícia, esse é o nome do meu curso de pós-graduação no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
O nome é pomposo, mas foi exatamente o que me atraiu, bem como ser no Einstein, um centro de excelência em medicina.
Estado atual da abordagem cirúrgica no tratamento da infertilidade em portadoras de ovários policísticos, esse é o título do meu TCC – trabalho de conclusão de curso, dessa minha pós-graduação no Einstein.
Há 35 anos quando iniciei minha incursão pela Ginecologia já era realizada a ressecção em cunha dos ovários como tratamento da infertilidade determinada pelos ovários policísticos. Participei em muitas dessas cirurgias no Hospital Samaritano de Sorocaba.
Naquela época as moças mais gordinhas, mais peludinhas, que não menstruavam e com dificuldade de engravidar, tinham o diagnóstico clínico de ovários policísticos e eram submetidas a ressecção em cunha dos ovários.
Esse tratamento foi proposto por Stein e Leventhal, médicos de Chicago, que em 1935 publicaram o relato de uma série de apenas sete casos de portadoras de amenorréia, hirsutismo e infertilidade, nas quais foi realizada biópsia dos ovários, com ressecção em cunha dos mesmos. Após a cirurgia todas as pacientes passaram a menstruar regularmente e duas engravidaram até a publicação do artigo.
Assim foi descrita a síndrome dos ovários policísticos, também conhecida como síndrome de Stein e Leventhal.
Na biópsia esses tecidos apresentavam muitos cistos com grande variação no tamanho, além do espessamento da membrana que recobre os ovários.
Hoje podemos fazer a análise dos ovários por exame de imagem, normalmente pela ultrassonografia, não disponível naquela época.
E quando se soma amenorréia, hirsutismo, tendência a ganho de peso e infertilidade, temos a mais comum das desordens endócrinas que acomete as mulheres na atualidade.
A síndrome resulta de uma disfunção no eixo endócrino hipotálamo – hipófise – ovários. As portadoras apresentam alteração na produção dos hormônios sexuais com uma produção maior dos hormônios masculinos, os androgênios.
Nas adolescentes portadoras de sinais do hiperandrogenismo se impõe uma esclarecedora avaliação laboratorial e por imagem. Geralmente pelo ultrassom confirmam-se os ovários policísticos. O médico deve afastar as outras morbidades que concorrem com esses sintomas.
Além do estímulo a adoção de um estilo de vida saudável, com controle do peso pela dieta e exercícios físicos, o tratamento com anticoncepcionais hormonais combinados e o uso da metformina é a opção de escolha na população que não deseja a gravidez.
O hirsutismo e acne, são habitualmente abordados no tratamento clínico com a combinação hormonal e cosméticos adequados.
Na presença da infertilidade a indução da ovulação com o uso do clomifeno é a primeira escolha. Os casos resistentes ao tratamento clínico são avaliados para a abordagem cirúrgica. Hoje, nos centros de excelência a cirurgia é minimamente invasiva. Por videolaparoscopia os ovários são abordados e realizadas algumas perfurações na membrana espessada desses ovários. Nessas circunstâncias a recuperação, o retorno para casa e para as atividades cotidianas é muito abreviado. Os resultados desejados de ovulação e gravidez são muito encorajadores.
O nome é pomposo, mas foi exatamente o que me atraiu, bem como ser no Einstein, um centro de excelência em medicina.
Estado atual da abordagem cirúrgica no tratamento da infertilidade em portadoras de ovários policísticos, esse é o título do meu TCC – trabalho de conclusão de curso, dessa minha pós-graduação no Einstein.
Há 35 anos quando iniciei minha incursão pela Ginecologia já era realizada a ressecção em cunha dos ovários como tratamento da infertilidade determinada pelos ovários policísticos. Participei em muitas dessas cirurgias no Hospital Samaritano de Sorocaba.
Naquela época as moças mais gordinhas, mais peludinhas, que não menstruavam e com dificuldade de engravidar, tinham o diagnóstico clínico de ovários policísticos e eram submetidas a ressecção em cunha dos ovários.
Esse tratamento foi proposto por Stein e Leventhal, médicos de Chicago, que em 1935 publicaram o relato de uma série de apenas sete casos de portadoras de amenorréia, hirsutismo e infertilidade, nas quais foi realizada biópsia dos ovários, com ressecção em cunha dos mesmos. Após a cirurgia todas as pacientes passaram a menstruar regularmente e duas engravidaram até a publicação do artigo.
Assim foi descrita a síndrome dos ovários policísticos, também conhecida como síndrome de Stein e Leventhal.
Na biópsia esses tecidos apresentavam muitos cistos com grande variação no tamanho, além do espessamento da membrana que recobre os ovários.
Hoje podemos fazer a análise dos ovários por exame de imagem, normalmente pela ultrassonografia, não disponível naquela época.
E quando se soma amenorréia, hirsutismo, tendência a ganho de peso e infertilidade, temos a mais comum das desordens endócrinas que acomete as mulheres na atualidade.
A síndrome resulta de uma disfunção no eixo endócrino hipotálamo – hipófise – ovários. As portadoras apresentam alteração na produção dos hormônios sexuais com uma produção maior dos hormônios masculinos, os androgênios.
Nas adolescentes portadoras de sinais do hiperandrogenismo se impõe uma esclarecedora avaliação laboratorial e por imagem. Geralmente pelo ultrassom confirmam-se os ovários policísticos. O médico deve afastar as outras morbidades que concorrem com esses sintomas.
Além do estímulo a adoção de um estilo de vida saudável, com controle do peso pela dieta e exercícios físicos, o tratamento com anticoncepcionais hormonais combinados e o uso da metformina é a opção de escolha na população que não deseja a gravidez.
O hirsutismo e acne, são habitualmente abordados no tratamento clínico com a combinação hormonal e cosméticos adequados.
Na presença da infertilidade a indução da ovulação com o uso do clomifeno é a primeira escolha. Os casos resistentes ao tratamento clínico são avaliados para a abordagem cirúrgica. Hoje, nos centros de excelência a cirurgia é minimamente invasiva. Por videolaparoscopia os ovários são abordados e realizadas algumas perfurações na membrana espessada desses ovários. Nessas circunstâncias a recuperação, o retorno para casa e para as atividades cotidianas é muito abreviado. Os resultados desejados de ovulação e gravidez são muito encorajadores.
PLANETA TERRA
PLANETA TERRA: capacidade desta espaçonave.
Há 500 anos consolidou-se a ciência que a Terra, o planeta em que vivemos, era mais um corpo celeste e não o centro do universo. Este planeta é cheio de movimento. A Terra gira em torno de si mesma, realizando esta rotação a uma velocidade de quase 2 mil quilômetros por hora ( para quem está na linha do Equador, onde está a maior circunferência do planeta: 40.075 km). Velocidade esta mais de duas vezes a de um jato comercial. Este é o movimento que determina o dia e a noite, conforme o lado do planeta voltado para o Sol. Tempo na realidade é um invento humano, um registro da mudança da matéria no espaço. Com relação ao Sol em torno do qual a Terra gira, em translação, desenvolve a impressionante velocidade de 100 mil quilômetros por hora. Faz esta trajetória elíptica em 12 meses; e, então temos o que chamamos de ano. Fica então patente que a Terra é a espaçonave na qual participamos desta experiência de vida.
Estamos numa espaçonave de enorme dimensão para nós, e que realiza estes movimentos regularmente, sem alteração da velocidade e da trajetória, por isso só podemos perceber que o planeta está em movimento tomando como base pontos de referência no espaço. Tirando o Sol e a Lua, os demais corpos celestes estão muito longe para a nossa capacidade de visão e aí normalmente não percebemos esses movimentos.
Mais recentemente criou-se uma consciência coletiva sobe o crescimento acelerado da população humana neste planeta, e do seu estilo de vida atual dependente de energia fornecida predominantemente por combustível fóssil. Há quem acredite que isto causará mudanças enormes e terríveis no planeta comprometendo inclusive a sobrevivência aqui na Terra.
Assim como outras espaçonaves tem um número limite na capacidade de passageiros, passou-se a discutir qual seria a capacidade para os seres humanos na Terra.
Existem estimativas que hoje, 2013, a Terra é habitada por mais de 7 bilhões de seres humanos, e que nos quinze mil anos de existência do homo sapiens, uma quantidade igual ao número de seres existentes hoje já teria vivido no planeta.
O problema não seria tanto de espaço uma vez que se juntássemos os nossos corpos lado a lado, como se estivéssemos sentados num avião de passageiros, a superfície necessária não seria muito maior que a do município de São Paulo. Porem a questão é o impacto que a atividade humana exerce sobre a superfície do planeta.
Tomando como referência um estilo de vida igual ao da mais afluente sociedade humana organizada, a que habita a Europa e a América do Norte, o limite para atender essa demanda com a tecnologia atualmente disponível daria ao planeta Terra uma capacidade ideal de 4 bilhões de seres humanos.
Já passamos em quase o dobro o limite de capacidade da Terra, numa sociedade que consome bens cuja produção é dependente de petróleo e carvão. Com a queima desses fósseis grande quantidade de carbono é lançada na atmosfera e isto está comprometendo a manutenção do clima da Terra.
Muita gente que trabalha em planejamento familiar gosta de usar esses números para justificar a necessidade desses programas. Dizer para as pessoas limitarem a reprodução.
Eu acho a coisa mais difícil da profissão médica a de tomar decisão pelos outros. Isto está bem melhor hoje quando é recomendado que sempre que possível o médico obtenha um documento firmado do paciente onde está expresso que esclareceu o porque está sendo proposta a realização de um procedimento ou adotada uma opção terapêutica, e, o paciente declara que após ser suficientemente informado está de acordo com a sua realização.
Com relação ao planejamento familiar, além do seu impacto no coletivo, para mim, o mais importante, é atender o direito a escolha do individuo. Parece claro que nem todos tem perfil para ser ou querer ser pai ou mãe. Biologicamente, pela natureza menos de 80% dos casais teriam filhos. Levando-se em consideração fatores sociais e psicológicos acho que esse contingente seria reduzido a bem menos da metade.
Apenas com isto, maior atendimento e respeito na opção de escolha dos indivíduos, aquelas mesmas sociedades da Europa e América do Norte, hoje já apresentam crescimento demográfico negativo.
Apesar disso juntam-se a nós no planeta Terra quase 300 mil novos habitantes a cada dia. A grande maioria em países que tem dificuldade ainda hoje de oferecer opção livre de escolha aos indivíduos sobre a sua capacidade reprodutiva.
PLANO A, PLANO B, PLANO C, ...
Plan B ( plano B ) é a marca do anticoncepcional de emergência mais vendido nos Estados Unidos. O produto, originalmente, é constituído de 2 comprimidos com 750 mcg de levonorgestrel cada. É recomendado ser tomado até 72 horas após uma relação sexual sem proteção anticoncepcional segura, com a ejaculação do esperma na vagina ou quando existe suspeita do rompimento do preservativo durante o ato sexual. Nessa situação a mulher deve tomar um comprimido o mais próximo possível de quando teve a relação e o outro comprimido 12 horas após. Com esta medicação, tomada até 72 horas após o ato sexual sem proteção anticoncepcional, a chance de gravidez é reduzida para 1/5 ( 20%) comparada aquela quando não há a tomada da medicação. Portanto, a eficácia deste anticoncepcional de emergência, ou pílula do dia seguinte, é bastante razoável, até 80%.
No Brasil, inicialmente estive envolvido com as negociações para o lançamento da primeira versão deste anticoncepcional de emergência em meados dos anos 90. A primeira pílula de emergência foi lançada pelo Laboratório Aché, com a marca comercial de Postinor. Participei do lançamento do Pilem, do Laboratório União Química, que tornou-se o mais vendido anticoncepcional de emergência no Brasil, por volta do ano 2000.
Hoje existe avanço na formulação do Plan B, que tornou-se Plan B One-step ( plano B em único passo, em tradução livre, se isso pode ocorrer para marcas ). Isto é, o produto é oferecido em apenas 1 comprimido de 1,5 miligrama do levonogestrel, tomado portanto única vez.
Outro avanço nos Estados Unidos é o produto Ella do Laboratório Watson. O produto é composto de 30 mg de ulipristal e pode ser tomado até 120 horas, 5 dias depois de uma relação sem proteção anticoncepcional, com eficácia um pouco maior que os compostos com levonorgestrel.
A mulher com idade acima de 17 anos pode comprar sem receita o PLAN B em qualquer farmácia dos Estados Unidos. Eu comprei na Flórida, em maio de 2013, e paguei US$ 40,00 (quarenta dólares ) o PLAN B.
O produto Ella só é vendido sob prescrição médica e o Laboratório Watson promove um sistema de entrega no dia seguinte ao pedido por telefone, a um custo de US$ 50,00 ( cinquenta dólares ), o comprimido.
No Brasil a venda das pílulas anticoncepcionais de emergência na prática é livre, não há necessidade da apresentação de receita médica, como acontece com todo anticoncepcional, apesar da inscrição em faixa vermelha na caixa: venda sob prescrição médica. O preço aqui está ao redor de R$ 25,00 para os produtos com levonorgestrel.
O anticoncepcional de emergência é uma opção muito interessante para quem teve relação sexual sem proteção adequada, e seus efeitos adversos normalmente são bem tolerados. São principalmente de natureza gástrica, mal estar, náuseas e enjoos. E os médicos consideram que uma gravidez não planejada teria potencial de trazer consequências bem mais danosas ao organismo da mulher.
Agora em 2013, no começo de maio, no Congresso de Ginecologia Americano, em New Orleans, ouvi em interessantíssima conferência do Dr. Malcolm Potts, da Universidade da Califórnia em Berkeley, o lançamento na India do PLAN C.
PLAN C, combinação de mifepristone com misoprostrol, é indicado para a interrupção da gravidez até a 9ª semana. O produto é apresentado em comprimidos: no total 5 comprimidos. Um com 200 mg de mifepristone, que tem uma ação anti-progesterona. A progesterona é essencial para a gestação evoluir. E, mais 4 comprimidos com 200 mcg cada de misoprostol para ser inserido na vagina. O misoprostol é um análogo da prostaglandina e promove o amolecimento do colo e a contração uterina, esvaziando o seu conteúdo. Inicia-se o tratamento com o comprimido de mifepristone e após dois dias faz-se a aplicação vaginal dos comprimidos de misoprostol.
Toda a mulher que necessite uma plano B ou plano C idealmente deve estar sendo acompanhada em serviço médico, pois as técnicas são complementares e frequentemente são necessárias outras abordagens médicas para o encaminhamento do caso frente a necessidade da paciente.
A assistência em planejamento familiar tem impacto muito grande na saúde da mulher. Em especial se essa assistência ocorre no conforto de acesso às técnicas modernas disponíveis e sob uma legislação não coercitiva ao desejo da mulher livremente decidir sobre o seu corpo.
O respeito à decisão reprodutiva da mulher em sua plenitude está perto de tornar-se também realidade no Brasil. Em março de 2013 o Conselho Federal de Medicina enviou ao Congresso Nacional proposta de reforma da legislação visando defender a autonomia da mulher em decidir sobre a interrupção da gestação. Na prática retira da ilicitude o aborto. Formado numa Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica, nunca imaginei que veria no meu horizonte profissional uma posição como essa.
Não apenas como lembrança, mas o PLANO A é aquele do melhor dos mundos: gravidez desejada, sadia e com um novo ser, também sadio, muito bem recebido e educado, preparado para uma vida plena.
No Brasil, inicialmente estive envolvido com as negociações para o lançamento da primeira versão deste anticoncepcional de emergência em meados dos anos 90. A primeira pílula de emergência foi lançada pelo Laboratório Aché, com a marca comercial de Postinor. Participei do lançamento do Pilem, do Laboratório União Química, que tornou-se o mais vendido anticoncepcional de emergência no Brasil, por volta do ano 2000.
Hoje existe avanço na formulação do Plan B, que tornou-se Plan B One-step ( plano B em único passo, em tradução livre, se isso pode ocorrer para marcas ). Isto é, o produto é oferecido em apenas 1 comprimido de 1,5 miligrama do levonogestrel, tomado portanto única vez.
Outro avanço nos Estados Unidos é o produto Ella do Laboratório Watson. O produto é composto de 30 mg de ulipristal e pode ser tomado até 120 horas, 5 dias depois de uma relação sem proteção anticoncepcional, com eficácia um pouco maior que os compostos com levonorgestrel.
A mulher com idade acima de 17 anos pode comprar sem receita o PLAN B em qualquer farmácia dos Estados Unidos. Eu comprei na Flórida, em maio de 2013, e paguei US$ 40,00 (quarenta dólares ) o PLAN B.
O produto Ella só é vendido sob prescrição médica e o Laboratório Watson promove um sistema de entrega no dia seguinte ao pedido por telefone, a um custo de US$ 50,00 ( cinquenta dólares ), o comprimido.
No Brasil a venda das pílulas anticoncepcionais de emergência na prática é livre, não há necessidade da apresentação de receita médica, como acontece com todo anticoncepcional, apesar da inscrição em faixa vermelha na caixa: venda sob prescrição médica. O preço aqui está ao redor de R$ 25,00 para os produtos com levonorgestrel.
O anticoncepcional de emergência é uma opção muito interessante para quem teve relação sexual sem proteção adequada, e seus efeitos adversos normalmente são bem tolerados. São principalmente de natureza gástrica, mal estar, náuseas e enjoos. E os médicos consideram que uma gravidez não planejada teria potencial de trazer consequências bem mais danosas ao organismo da mulher.
Agora em 2013, no começo de maio, no Congresso de Ginecologia Americano, em New Orleans, ouvi em interessantíssima conferência do Dr. Malcolm Potts, da Universidade da Califórnia em Berkeley, o lançamento na India do PLAN C.
PLAN C, combinação de mifepristone com misoprostrol, é indicado para a interrupção da gravidez até a 9ª semana. O produto é apresentado em comprimidos: no total 5 comprimidos. Um com 200 mg de mifepristone, que tem uma ação anti-progesterona. A progesterona é essencial para a gestação evoluir. E, mais 4 comprimidos com 200 mcg cada de misoprostol para ser inserido na vagina. O misoprostol é um análogo da prostaglandina e promove o amolecimento do colo e a contração uterina, esvaziando o seu conteúdo. Inicia-se o tratamento com o comprimido de mifepristone e após dois dias faz-se a aplicação vaginal dos comprimidos de misoprostol.
Toda a mulher que necessite uma plano B ou plano C idealmente deve estar sendo acompanhada em serviço médico, pois as técnicas são complementares e frequentemente são necessárias outras abordagens médicas para o encaminhamento do caso frente a necessidade da paciente.
A assistência em planejamento familiar tem impacto muito grande na saúde da mulher. Em especial se essa assistência ocorre no conforto de acesso às técnicas modernas disponíveis e sob uma legislação não coercitiva ao desejo da mulher livremente decidir sobre o seu corpo.
O respeito à decisão reprodutiva da mulher em sua plenitude está perto de tornar-se também realidade no Brasil. Em março de 2013 o Conselho Federal de Medicina enviou ao Congresso Nacional proposta de reforma da legislação visando defender a autonomia da mulher em decidir sobre a interrupção da gestação. Na prática retira da ilicitude o aborto. Formado numa Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica, nunca imaginei que veria no meu horizonte profissional uma posição como essa.
Não apenas como lembrança, mas o PLANO A é aquele do melhor dos mundos: gravidez desejada, sadia e com um novo ser, também sadio, muito bem recebido e educado, preparado para uma vida plena.
Mirena & Skyla
Mirena & Skyla, são dispositivos intrauterinos, DIUs medicados com o hormônio levonorgestrel. Na essência são iguais: uma haste em forma de T de polietileno e no braço vertical do dispositivo um reservatório com levonorgestrel. O Skyla é um pouco menor. Logo a seguir listarei as principais diferenças entre os dois DIUs.
O desenvolvimento desse produto ocorreu na década de 80 pelo laboratório Leiras da Finlândia, que o lançou com a marca Levonova. Esta empresa finlandesa foi adquirida pela Schering alemã, e depois esta acabou sendo comprada pela Bayer.
No Brasil a propaganda do Mirena evita chamá-lo de DIU devida a má e equivocada reputação desse anticoncepcional por aqui.
O Mirena é uma opção muito interessante de anticoncepção pois é um produto inserido pelo médico dentro do útero. Para realizar a inserção o médico deve certificar-se que a usuária não está grávida e afastar uma série de condições que seriam contraindicações para a inserção do Mirena. Com isto a usuária ganha bastante atenção sobre a sua saúde ginecológica.
O Mirena libera o levonorgestrel que é o hormônio progestínico mais empregado entre as pílulas anticoncepcionais. As usuárias das pílulas com levonorgestrel ingerem dependendo do produto de 100 a 250 microgramas por dia do hormônio. No DIU medicado com o levonorgestrel este é liberado na cavidade uterina tendo uma ação local sobre o endométrio, a camada mucosa de revestimento interno do útero, e quantidade mínima do levonorgestrel é absorvida pelo organismo e detectada no sangue das usuárias. O hormônio apresenta uma ação local mudando a estrutura do endométrio e espessando o muco cervical. Com o Mirena a usuária tem liberado 20 mcg/24 horas no primeiro ano e essa quantidade de hormônio decresce até 11 mcg/24 horas no quinto ano de uso. Com o Skyla a usuária tem liberado 14 mcg/24 horas no primeiro ano e essa quantidade de hormônio decresce até 5 mcg/24 horas no terceiro ano de uso.
A usuária do DIU medicado com hormônio tem uma grande vantagem em relação à usuária da pílula que é da de não ter a preocupação diária de lembrar-se da administração do produto.
A usuária do Mirena pode manter o produto no seu útero por 5 anos com uma cobertura anticoncepcional comparada aquela que ela teria se fizesse uma ligadura tubária, uma esterilização. Aqui, outra diferença importantíssima a favor do Mirena, que ele pode ser removido quando a paciente quiser engravidar ( ou por qualquer outro motivo ), e a desejada nova concepção ocorre muito rapidamente.
Outra grande vantagem do Mirena: quase metade das usuárias param de menstruar.
A menstruação acarreta uma série de incômodos à mulher, e não lhe traz nenhum benefício.
Com tantas vantagens fica a pergunta: então qual o problema com o Mirena que levou a Bayer lançar o Skyla?
O Mirena é mais fácil de ser inserido em mulheres que já tiveram pelo menos um filho.
A sua cânula de inserção tem 4,75mm de diâmetro, e devido a essa dimensão o médico tem mais dificuldade de inserir o Mirena em nulíparas, mulheres que nunca tiveram filhos. Para elas foi desenvolvido o Skyla, cuja cânula de inserção tem 3,8mm de diâmetro, quase um milímetro menor. Faz diferença.
Sendo menor no diâmetro o reservatório do hormônio também é menor e então ele carrega uma quantidade menor de levonorgestrel. Mirena carrega 52 mg de levonorgestrel, enquanto o Skyla carrega apenas 13.5 mg do hormônio.
As dimensões de comprimento também são menores no Skyla, seu braço horizontal mede 28 mm e o braço vertical 30 mm. No Mirena o comprimento é de 32 mm tanto na horizontal como na vertical.
O Skyla também difere do Mirena por carregar um anel de prata na haste vertical logo abaixo do seu cruzamento com a horizontal. Esse elemento metálico foi aí colocado como um marcador para tornar o Skyla mais facilmente observado nos exames de imagem. Havendo possibilidade é muito bom a usuária realizar uma ultrassonografia pélvica ou transvaginal ( melhor ), antes e depois ( esta é quase imperativa ) da inserção de dispositivo intrauterino.
Quanto ao custo os dois produtos tem preço similar no Estados Unidos, ao redor de US$ 500.00 ( quinhentos dólares ). No Brasil não temos ainda o Skyla disponível e o Mirena custa em torno de R$ 800,00 ( oitocentos reais ), mas pela legislação brasileira o DIU tem que ser coberto pelos planos de saúde, como o Mirena já é pela Unimed.
Martha, a French Market customer
Martha, a market customer
30 anos separam as duas fotos: eu abraçando a escultura da Martha, a freguesa do mercado ( a market customer ) no French Quarter, de New Orleans. Escultura de Paul Perret, de 1983.
A primeira vez que visitei New Orleans foi em outubro de 1977. Eu e o Jakov Vlasic Bajtalo, meu colega no curso de medicina em Sorocaba, e também colega de plantão na Maternidade da Cruzada Pró-Infância, no Hospital Pérola Byington de São Paulo, fazíamos como exchange students um estágio em Ginecologia e Obstetrícia na Universidade do Tennessee em Memphis. Um dia o Dr. Alexander Fedinec, diretor de assuntos internacionais da universidade, nos chamou. Queria nos vender seu carro usado, um Buick station wagon 1968. E sugeriu que com esse carro poderíamos ir até New Orleans, acompanhando a sua filha. Lá em New Orleans estava ocorrendo uma exibição dos tesouros de Tutancâmon, um faraó do antigo Egito. No final de semana combinado para a viagem a filha do Dr. Fedinec teve outro compromisso. Então fomos Jakov e eu.
A chegada em New Orleans foi espetacular. Num fim de tarde, vindos do norte cruzamos o lago Pontchartrain numa ponte de 38 km. E imagine que éramos muito orgulhosos do feito da ponte Rio-Niterói, ponte de 13 km, um terço daquela que atravessamos. De um lado não se avista o outro lado. Conforme íamos chegando a New Orleans avistávamos o reflexo do sol na cúpula, que ia crescendo quanto mais aproximávamos, do hoje Mercedes-Benz Superdome.
Na época o que mais me impressionou na cidade não foi o tesouro do faraó, mas a vida noturna no French Quarter, o quarteirão francês dessa cidade da Louisiana.
Só para recordar a Louisiana pertencia a França e foi comprada pelos Estados Unidos em 1803 por menos de 3 centavos de dólar o acre ( 4.046 metros quadrados ). Uma bagatela pela compra de uma área que na época dobrou a extensão do território dos Estados Unidos. Desse período colonial restaram não só os casarões com seus balcões, mas também um certo glamour francês na cidade. Essa cidade também é o berço do jazz, terra do Louis Armstrong. Tem uma culinária muito particular com os famosos pratos: jambalaia e gumbo soup. Tem uma rua, a Bourbon street, quase num permanente carnaval.
Voltei a New Orleans em dezembro de 1984. Fomos, Ceni e eu, visitar e passar as festas de fim de ano com o meu irmão Luís Augusto, que fazia pós graduação na LSU – Louisiana State University, em Baton Rouge, a capital da Louisiana. Do outro lado, a noroeste, do lago Pontchartrain. Nessa visita foi tirada, não sei se pela Ceni ou pelo Luís Augusto a foto minha abraçando a escultura da Martha, a freguesa do French Market.
Depois disso estive várias vezes, em congressos médicos, em New Orleans. Um dos mais marcantes foi o da AUA – Associação Americana de Urologia, em 1996, onde numa atividade pré-marketing foi apresentada a experiência clínica com o sildenafil no tratamento da disfunção erétil, que veio dar num dos maiores sucessos da indústria farmacêutica, o Viagra. Eu na época trabalhava com o Professor Elsimar Coutinho, em Salvador, e fui convidado a participar de um workshop com o Muse, um produto para o uso intra-uretral do alprostadil, também para o tratamento da disfunção erétil, mas que absolutamente não logrou o mesmo sucesso do sildenafil e demais inibidores da PDE5.
No último congresso que estive em New Orleans, o do ACGO – Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia, agora em maio de 2013, Ceni tirou essa foto minha abraçando a mesmíssima Martha, depois de 30 anos.
Essa Martha tem uma propriedade que boa parte das pessoas que conheço gostaria de ter. Está sempre do mesmo jeito, não envelhece, não muda.
30 anos separam as duas fotos: eu abraçando a escultura da Martha, a freguesa do mercado ( a market customer ) no French Quarter, de New Orleans. Escultura de Paul Perret, de 1983.
A primeira vez que visitei New Orleans foi em outubro de 1977. Eu e o Jakov Vlasic Bajtalo, meu colega no curso de medicina em Sorocaba, e também colega de plantão na Maternidade da Cruzada Pró-Infância, no Hospital Pérola Byington de São Paulo, fazíamos como exchange students um estágio em Ginecologia e Obstetrícia na Universidade do Tennessee em Memphis. Um dia o Dr. Alexander Fedinec, diretor de assuntos internacionais da universidade, nos chamou. Queria nos vender seu carro usado, um Buick station wagon 1968. E sugeriu que com esse carro poderíamos ir até New Orleans, acompanhando a sua filha. Lá em New Orleans estava ocorrendo uma exibição dos tesouros de Tutancâmon, um faraó do antigo Egito. No final de semana combinado para a viagem a filha do Dr. Fedinec teve outro compromisso. Então fomos Jakov e eu.
A chegada em New Orleans foi espetacular. Num fim de tarde, vindos do norte cruzamos o lago Pontchartrain numa ponte de 38 km. E imagine que éramos muito orgulhosos do feito da ponte Rio-Niterói, ponte de 13 km, um terço daquela que atravessamos. De um lado não se avista o outro lado. Conforme íamos chegando a New Orleans avistávamos o reflexo do sol na cúpula, que ia crescendo quanto mais aproximávamos, do hoje Mercedes-Benz Superdome.
Na época o que mais me impressionou na cidade não foi o tesouro do faraó, mas a vida noturna no French Quarter, o quarteirão francês dessa cidade da Louisiana.
Só para recordar a Louisiana pertencia a França e foi comprada pelos Estados Unidos em 1803 por menos de 3 centavos de dólar o acre ( 4.046 metros quadrados ). Uma bagatela pela compra de uma área que na época dobrou a extensão do território dos Estados Unidos. Desse período colonial restaram não só os casarões com seus balcões, mas também um certo glamour francês na cidade. Essa cidade também é o berço do jazz, terra do Louis Armstrong. Tem uma culinária muito particular com os famosos pratos: jambalaia e gumbo soup. Tem uma rua, a Bourbon street, quase num permanente carnaval.
Voltei a New Orleans em dezembro de 1984. Fomos, Ceni e eu, visitar e passar as festas de fim de ano com o meu irmão Luís Augusto, que fazia pós graduação na LSU – Louisiana State University, em Baton Rouge, a capital da Louisiana. Do outro lado, a noroeste, do lago Pontchartrain. Nessa visita foi tirada, não sei se pela Ceni ou pelo Luís Augusto a foto minha abraçando a escultura da Martha, a freguesa do French Market.
Depois disso estive várias vezes, em congressos médicos, em New Orleans. Um dos mais marcantes foi o da AUA – Associação Americana de Urologia, em 1996, onde numa atividade pré-marketing foi apresentada a experiência clínica com o sildenafil no tratamento da disfunção erétil, que veio dar num dos maiores sucessos da indústria farmacêutica, o Viagra. Eu na época trabalhava com o Professor Elsimar Coutinho, em Salvador, e fui convidado a participar de um workshop com o Muse, um produto para o uso intra-uretral do alprostadil, também para o tratamento da disfunção erétil, mas que absolutamente não logrou o mesmo sucesso do sildenafil e demais inibidores da PDE5.
No último congresso que estive em New Orleans, o do ACGO – Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia, agora em maio de 2013, Ceni tirou essa foto minha abraçando a mesmíssima Martha, depois de 30 anos.
Essa Martha tem uma propriedade que boa parte das pessoas que conheço gostaria de ter. Está sempre do mesmo jeito, não envelhece, não muda.
Porque um ginecologista faz vasectomia?
Recentemente um paciente me procurou, indicado por um colega, para realizar vasectomia e após algum rodeio, saiu a pergunta:
- Doutor, eu procurei na lista da Unimed o seu nome e lá consta como ginecologista. Porque um ginecologista faz vasectomia?
É interessante, algumas vezes para atingirmos alguns objetivos os caminhos não são os mais óbvios.
Durante o meu treinamento em Obstetrícia no Hospital Pérola Byington da Cruzada Pró-Infância de São Paulo (1975-1979) fui muito impactado pelas dificuldades vivenciadas pelas mulheres que experimentavam uma gravidez ao acaso, não planejada. A Cruzada era a maternidade mais central de São Paulo com assistência gratuita. Eu participava do plantão na equipe do domingo. Atendíamos grávidas vindas de todos os bairros da capital, do interior do Estado de São Paulo, dos Estados vizinhos e até de Estados do Nordeste. Elas vinham buscando ajuda para resolver uma questão da qual faziam tudo para fugir. Uma situação para a qual não estavam preparadas e para a qual não tinham recebido a necessária acolhida da família, da sociedade e também dos serviços de saúde. Isso me levou ao interesse maior pelas práticas anticoncepcionais. Entendê-las e disponibilizá-las mais amplamente.
Depois a história de eu abraçar a vasectomia como uma prática de impacto na saúde, principalmente para a mulher, deve-se a minha passagem pelo Centro de Saúde de Votorantim na década dos 1980 ( 1984-1988).
Naquela época Votorantim, uma cidade de quase 80 mil habitantes, tinha apenas uma unidade de saúde pública subordinada a Secretaria de Estado da Saúde. Ali implantei um programa de atendimento integral à saúde da mulher onde um dos destaques era o Planejamento Familiar. Tínhamos quase todos os métodos anticoncepcionais disponíveis na época.
Um dos métodos disponíveis pelo qual eu batalhava muito pela sua alta eficácia anticoncepcional e baixo custo era o DIU – dispositivo intra-uterino. Os DIUs tinham péssima reputação alardeada pelo serviço de educação continuada prevalente na época: o Fantástico, o programa de domingo à noite na TV. Mesmo assim centenas de mulheres em Votorantim passaram a usar o DIU com cobre como anticoncepcional e isso teve bastante impacto.
Paralelamente a anticoncepção com métodos apenas para as mulheres criou-se um desafio para o engajamento dos homens no planejamento familiar. Naquela época a vasectomia era realizada em hospital, sendo empregada a técnica clássica da urologia com a abordagem do canal deferente em cada um dos lados na região inguinal, na virilha. O procedimento normalmente era pago e relativamente caro. O mesmo valia para a laqueadura tubária.
Havia uma discussão sobre a “legalidade” dos procedimentos e a “ética” dos profissionais que realizassem esterilização cirúrgica. A nova constituição de 1988 foi que estabeleceu claramente o direito ao planejamento familiar que depois foi normatizado por lei específica em vigor até hoje.
Nesse contexto e visando especialmente atender aos casais cuja mulher não se dava bem com os métodos anticoncepcionais foi que comecei a realizar vasectomias num serviço de saúde pública estadual, sem custo para o paciente. Isso de certa maneira foi inédito.
Daí foi um crescente de procura pela vasectomia e eu me tornei um ginecologista com uma prática em realizar vasectomia muito considerável, tendo realizado até agora mais de 10.000 vasectomias.
No período contatei diversos serviços de excelência na prática de vasectomia como o pioneiro PROPATER de São Paulo, criado por um ginecologista também, o Dr. Marcos Paulo Pellicciari de Castro.
Outro serviço que frequentei, este por um período e com envolvimento bem maior foi o CEPARH de Salvador – Bahia, criado por outro ginecologista também, o Professor Elsimar Coutinho, um médico com notoriedade na área da endocrinologia e planejamento familiar que participou do desenvolvimento de vários métodos anticoncepcionais para o homem e para a mulher.
Em Salvador, no CEPARH, com o Dr. Gabriel Atta, aprimorei a vasectomia minimamente invasiva, sem o uso de bisturi, empregando os instrumentos desenvolvidos pela maior autoridade em vasectomia na China, o Professor Shunqiang Li.
Depois estive em Nova York, mais especificamente em Flushing, no Queens, com o pessoal da AMI – Advanced Medtech International onde adquiri experiência com uma nova técnica revolucionária simplificando sobremaneira o procedimento.
Assim desenvolvi um método minimamente invasivo da vasectomia que resguarda a sua alta eficácia anticoncepcional e é muito simples e bem aceito pelos pacientes.
Os homens que optam em submeter-se a vasectomia colaboram em muito no planejamento de suas famílias e cooperam sobretudo com as suas parceiras.
Para esclarecer dúvidas sobre a vasectomia ou outros métodos de planejamento familiar entre em contato comigo enviando mensagem neste blog ou pelo telefone (15) 97716560