PLANO A, PLANO B, PLANO C, ...

Plan B ( plano B ) é a marca do anticoncepcional de emergência mais vendido nos Estados Unidos. O produto, originalmente, é constituído de 2 comprimidos com 750 mcg de levonorgestrel cada. É recomendado ser tomado até 72 horas após uma relação sexual sem proteção anticoncepcional segura, com a ejaculação do esperma na vagina ou quando existe suspeita do rompimento do preservativo durante o ato sexual. Nessa situação a mulher deve tomar um comprimido o mais próximo possível de quando teve a relação e o outro comprimido 12 horas após. Com esta medicação, tomada até 72 horas após o ato sexual sem proteção anticoncepcional, a chance de gravidez é reduzida para 1/5 ( 20%) comparada aquela quando não há a tomada da medicação. Portanto, a eficácia deste anticoncepcional de emergência, ou pílula do dia seguinte, é bastante razoável, até 80%.
No Brasil, inicialmente estive envolvido com as negociações para o lançamento da primeira versão deste anticoncepcional de emergência em meados dos anos 90. A primeira pílula de emergência foi lançada pelo Laboratório Aché, com a marca comercial de Postinor. Participei do lançamento do Pilem, do Laboratório União Química, que tornou-se o mais vendido anticoncepcional de emergência no Brasil, por volta do ano 2000.
Hoje existe avanço na formulação do Plan B, que tornou-se Plan B One-step ( plano B em único passo, em tradução livre, se isso pode ocorrer para marcas ). Isto é, o produto é oferecido em apenas 1 comprimido de 1,5 miligrama do levonogestrel, tomado portanto única vez.
Outro avanço nos Estados Unidos é o produto Ella do Laboratório Watson. O produto é composto de 30 mg de ulipristal e pode ser tomado até 120 horas, 5 dias depois de uma relação sem proteção anticoncepcional, com eficácia um pouco maior que os compostos com levonorgestrel.
A mulher com idade acima de 17 anos pode comprar sem receita o PLAN B em qualquer farmácia dos Estados Unidos. Eu comprei na Flórida, em maio de 2013, e paguei US$ 40,00 (quarenta dólares ) o PLAN B.
O produto Ella só é vendido sob prescrição médica e o Laboratório Watson promove um sistema de entrega no dia seguinte ao pedido por telefone, a um custo de US$ 50,00 ( cinquenta dólares ), o comprimido.
No Brasil a venda das pílulas anticoncepcionais de emergência na prática é livre, não há necessidade da apresentação de receita médica, como acontece com todo anticoncepcional, apesar da inscrição em faixa vermelha na caixa: venda sob prescrição médica. O preço aqui está ao redor de R$ 25,00 para os produtos com levonorgestrel.
O anticoncepcional de emergência é uma opção muito interessante para quem teve relação sexual sem proteção adequada, e seus efeitos adversos normalmente são bem tolerados. São principalmente de natureza gástrica, mal estar, náuseas e enjoos. E os médicos consideram que uma gravidez não planejada teria potencial de trazer consequências bem mais danosas ao organismo da mulher.
Agora em 2013, no começo de maio, no Congresso de Ginecologia Americano, em New Orleans, ouvi em interessantíssima conferência do Dr. Malcolm Potts, da Universidade da Califórnia em Berkeley, o lançamento na India do PLAN C.
PLAN C, combinação de mifepristone com misoprostrol, é indicado para a interrupção da gravidez até a 9ª semana. O produto é apresentado em comprimidos: no total 5 comprimidos. Um com 200 mg de mifepristone, que tem uma ação anti-progesterona. A progesterona é essencial para a gestação evoluir. E, mais 4 comprimidos com 200 mcg cada de misoprostol para ser inserido na vagina. O misoprostol é um análogo da prostaglandina e promove o amolecimento do colo e a contração uterina, esvaziando o seu conteúdo. Inicia-se o tratamento com o comprimido de mifepristone e após dois dias faz-se a aplicação vaginal dos comprimidos de misoprostol.
Toda a mulher que necessite uma plano B ou plano C idealmente deve estar sendo acompanhada em serviço médico, pois as técnicas são complementares e frequentemente são necessárias outras abordagens médicas para o encaminhamento do caso frente a necessidade da paciente.
A assistência em planejamento familiar tem impacto muito grande na saúde da mulher. Em especial se essa assistência ocorre no conforto de acesso às técnicas modernas disponíveis e sob uma legislação não coercitiva ao desejo da mulher livremente decidir sobre o seu corpo.
O respeito à decisão reprodutiva da mulher em sua plenitude está perto de tornar-se também realidade no Brasil. Em março de 2013 o Conselho Federal de Medicina enviou ao Congresso Nacional proposta de reforma da legislação visando defender a autonomia da mulher em decidir sobre a interrupção da gestação. Na prática retira da ilicitude o aborto. Formado numa Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica, nunca imaginei que veria no meu horizonte profissional uma posição como essa.
Não apenas como lembrança, mas o PLANO A é aquele do melhor dos mundos: gravidez desejada, sadia e com um novo ser, também sadio, muito bem recebido e educado, preparado para uma vida plena.




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