Porque um ginecologista faz vasectomia?

Recentemente um paciente me procurou, indicado por um colega, para realizar vasectomia e após algum rodeio, saiu a pergunta:

- Doutor, eu procurei na lista da Unimed o seu nome e lá consta como ginecologista. Porque um ginecologista faz vasectomia?

É interessante, algumas vezes para atingirmos alguns objetivos os caminhos não são os mais óbvios.

Durante o meu treinamento em Obstetrícia no Hospital Pérola Byington da Cruzada Pró-Infância de São Paulo (1975-1979) fui muito impactado pelas dificuldades vivenciadas pelas mulheres que experimentavam uma gravidez ao acaso, não planejada. A Cruzada era a maternidade mais central de São Paulo com assistência gratuita. Eu participava do plantão na equipe do domingo. Atendíamos grávidas vindas de todos os bairros da capital, do interior do Estado de São Paulo, dos Estados vizinhos e até de Estados do Nordeste. Elas vinham buscando ajuda para resolver uma questão da qual faziam tudo para fugir. Uma situação para a qual não estavam preparadas e para a qual não tinham recebido a necessária acolhida da família, da sociedade e também dos serviços de saúde. Isso me levou ao interesse maior pelas práticas anticoncepcionais. Entendê-las e disponibilizá-las mais amplamente.

Depois a história de eu abraçar a vasectomia como uma prática de impacto na saúde, principalmente para a mulher, deve-se a minha passagem pelo Centro de Saúde de Votorantim na década dos 1980 ( 1984-1988).

Naquela época Votorantim, uma cidade de quase 80 mil habitantes, tinha apenas uma unidade de saúde pública subordinada a Secretaria de Estado da Saúde. Ali implantei um programa de atendimento integral à saúde da mulher onde um dos destaques era o Planejamento Familiar. Tínhamos quase todos os métodos anticoncepcionais disponíveis na época.

Um dos métodos disponíveis pelo qual eu batalhava muito pela sua alta eficácia anticoncepcional e baixo custo era o DIU – dispositivo intra-uterino. Os DIUs tinham péssima reputação alardeada pelo serviço de educação continuada prevalente na época: o Fantástico, o programa de domingo à noite na TV. Mesmo assim centenas de mulheres em Votorantim passaram a usar o DIU com cobre como anticoncepcional e isso teve bastante impacto.

Paralelamente a anticoncepção com métodos apenas para as mulheres criou-se um desafio para o engajamento dos homens no planejamento familiar. Naquela época a vasectomia era realizada em hospital, sendo empregada a técnica clássica da urologia com a abordagem do canal deferente em cada um dos lados na região inguinal, na virilha. O procedimento normalmente era pago e relativamente caro. O mesmo valia para a laqueadura tubária.

Havia uma discussão sobre a “legalidade” dos procedimentos e a “ética” dos profissionais que realizassem esterilização cirúrgica. A nova constituição de 1988 foi que estabeleceu claramente o direito ao planejamento familiar que depois foi normatizado por lei específica em vigor até hoje.

Nesse contexto e visando especialmente atender aos casais cuja mulher não se dava bem com os métodos anticoncepcionais foi que comecei a realizar vasectomias num serviço de saúde pública estadual, sem custo para o paciente. Isso de certa maneira foi inédito.

Daí foi um crescente de procura pela vasectomia e eu me tornei um ginecologista com uma prática em realizar vasectomia muito considerável, tendo realizado até agora mais de 10.000 vasectomias.

No período contatei diversos serviços de excelência na prática de vasectomia como o pioneiro PROPATER de São Paulo, criado por um ginecologista também, o Dr. Marcos Paulo Pellicciari de Castro.

Outro serviço que frequentei, este por um período e com envolvimento bem maior foi o CEPARH de Salvador – Bahia, criado por outro ginecologista também, o Professor Elsimar Coutinho, um médico com notoriedade na área da endocrinologia e planejamento familiar que participou do desenvolvimento de vários métodos anticoncepcionais para o homem e para a mulher.

Em Salvador, no CEPARH, com o Dr. Gabriel Atta, aprimorei a vasectomia minimamente invasiva, sem o uso de bisturi, empregando os instrumentos desenvolvidos pela maior autoridade em vasectomia na China, o Professor Shunqiang Li.

Depois estive em Nova York, mais especificamente em Flushing, no Queens, com o pessoal da AMI – Advanced Medtech International onde adquiri experiência com uma nova técnica revolucionária simplificando sobremaneira o procedimento.

Assim desenvolvi um método minimamente invasivo da vasectomia que resguarda a sua alta eficácia anticoncepcional e é muito simples e bem aceito pelos pacientes.

Os homens que optam em submeter-se a vasectomia colaboram em muito no planejamento de suas famílias e cooperam sobretudo com as suas parceiras.

Para esclarecer dúvidas sobre a vasectomia ou outros métodos de planejamento familiar entre em contato comigo enviando mensagem neste blog ou pelo telefone (15) 97716560




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